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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Sobre o vinho (por Charles Baudelaire)



"Profundas alegrias do vinho, quem não vos conheceu? Todo homem que tenha tido que amenizar um arrependimento, evocar uma lembrança, afogar uma tristeza, construir um castelo de vento, todos enfim vos invocaram, deusas misteriosas escondidas nas fibras da videira. Como são grandes os espetáculos do vinho, iluminados pelo sol interior! Como é verdadeira e ardente esta segunda juventude que o homem nele encontra! Mas quão temíveis também suas volúpias fulgurantes e seus encantos exasperantes. (...) quem de vós terá a coragem impiedosa de condenar o homem que está bebendo genialidade?

"O vinho é semelhante ao homem: nunca saberemos até que ponto podemos prezá-lo e desprezá-lo, amá-lo e odiá-lo, nem de quantas ações sublimes ou delitos monstruosos ele é capaz. Não sejamos pois mais cruéis com ele que com nós mesmos, e tratemo-lo como nosso igual."

"Tenho aliás, outra ideia. Se o vinho desaparecesse da produção humana, acho que haveria, na saúde e no intelecto do planeta, um vazio, uma ausência, um defeito muito mais horrível que todos os excessos e deviações pelas quais o vinho é julgado responsável."


"Um homem que só bebe água tem algum segredo para esconder de seus semelhantes." 

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