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domingo, 23 de dezembro de 2012

Indústria não se preocupa em desenvolver remédios para o Terceiro Mundo, diz Prêmio Nobel


Ferid Murad critica a falta de investimento em tratamentos de doenças que matam muita gente em países pobres

por Julliane SilveirafonteTxt=Julliane Silveira
Editora Globo
(Fotos: Editora Globo)
Em todo o mundo, 1,5 milhão de crianças morrem anualmente por causa da diarreia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em países em desenvolvimento, a OMS estima que cada criança tenha três episódios de diarreia por ano.

Esse problema faz parte das doenças comuns em países pobres, como a malária, a tuberculose, a doença de Chagas, entre outras. São patologias que recebem pouquíssima atenção das grandes empresas farmacêuticas – quando há pesquisadores que se interessam em estudá-las e descobrir novos tratamentos, é quase impossível obter financiamento, porque certamente não trarão grandes retornos financeiros. Por isso, são chamadas pela OMS de doenças negligenciadas.

Um desses pesquisadores é o farmacologista Ferid Murad que, além de uma cadeira na Universidade do Texas (EUA), tem no currículo o Prêmio Nobel de Medicina de 1998, recebido com dois outros colegas pela descoberta dos mecanismos que possibilitaram o desenvolvimento do Viagra.


Editora Globo
(Fotos: Editora Globo)

Murad sempre criticou ferozmente a falta de incentivos para pesquisa e desenvolvimento de tratamentos que pudesse conter doenças que ainda matam muita gente em países pobres. Agora, encontrou um parceiro para desenvolver um medicamento contra diarreia causada pelo Cólera e pela bactéria Escherichia coli. A Biolab, farmacêutica brasileira, fechou em outubro um acordo com o pesquisador para a criação de uma nova droga.

Pode parecer inusitado, mas o óxido nítrico, mesmo componente usado para criar o Viagra, deve ser aplicado no medicamento contra diarreia, como Murad conta nesta entrevista concedida a Galileu. O óxido nítrico atua no controle do sistema cardiovascular e, por isso, medicamentos à base dessa substância são usados também para tratar arterosclerose, hipertensão pulmonar, entre outras doenças.

E também pode controlar outras manifestações, como a diarreia. Mas nenhum almoço vem de graça: a expectativa é que a mesma droga possa tratar síndrome do intestino irritável, uma doença que também solta o intestino, causa fortes dores abdominais e atinge cerca de 15% da população dos EUA e da Europa, segundo a Organização Mundial de Gastroenterologia. 


GALILEU – Você sempre diz que é muito difícil para um grupo de pesquisa conseguir fundos para estudar doenças de países pobres. 
Ferid Murad – Muitas fundações não estão nem um pouco interessadas em patrocinar ou desenvolver remédios para o Terceiro Mundo, simplesmente porque não haverá lucros. Isso é muito ruim. 

Podemos ver um movimento de gente patrocinando pesquisas contra essas doenças. A Fundação Bill e Melinda Gates, por exemplo, a China, que é um país em grande crescimento. Você acha que temos um novo cenário? 
Sim, estamos melhorando. Sei que Gates está interessando em pesquisas sobre tuberculose, vacinas e diarreia também. Mas ele tem uma equipe muito pequena para ajudá-lo a direcionar corretamente os investimentos. Para você ter uma ideia: nos EUA, uma empresa pode ser livre de impostos se gastar 5% dos ganhos com ações filantrópicas. Como a companhia de Gates faz US$ 33 bilhões por ano, deve gastar US$ 1,5 bilhão. É muito dinheiro e eles não têm uma força cavalar para analisar tudo o que cai em suas mãos. Mas dar grandes quantias para qualquer projeto não é a melhor forma de financiar pesquisa e, por isso, eles precisam de ótimos revisores para avaliar quais pesquisas realmente merecem os fundos. 

Existem boas ações? 
Sim, há muita gente estudando formas de combater tuberculose, esquistossomose, malaria, dermatoses. Há mudanças, mas o problema é que não há muita gente sendo tratada com elas. É preciso missionários e médicos para ir até essas pessoas, para informá-las. Temos um progresso enorme contra doenças cardiovasculares, que são as que mais matam gente no mundo. Falar de 2 milhões de pessoas mortas por diarreira é ínfimo. Mas existem pessoas que morrem disso e não deveriam! Não há médicos para tratá-las, não há água potável. E as pessoas não se importam. 

Mas isso seria mais um problema de saúde pública do que de desenvolvimento de um remédio, não? 
Sim, a questão é mais ampla. Mas é preciso mais pesquisa. A tuberculose, por exemplo, tem se manifestado em formas muito resistentes, porque as pessoas não usaram os antibióticos corretamente e as bactérias se tornaram resistentes. Há também o problema da qualidade da droga. Na África, por exemplo, em muitos casos as pessoas acreditam estar usando um bom medicamento, mas não estão. 

A parceira aqui no Brasil parece ser um passo importante nesse cenário. 
Sim, se pensarmos que 2 milhões de pessoas morrem de diarreia por ano, principalmente crianças e idosos. Temos um composto químico e estamos testando outros compostos também, onde a Biolab entra como parceira. Por enquanto, a pesquisa é feita em laboratório e, depois, será testada em animais. Em um ou dois anos começaremos os protocolos clínicos, em humanos.

O composto será específico para o público brasileiro?
Vamos fazer os testes aqui e desenvolveremos a droga aqui, com aprovação das autoridades brasileiras. Se falamos de diarreia, estamos pensando num mercado mais social. Mas se funcionar em síndrome do intestino irritável, estamos falando de um mercado bem mais abrangente e grande em termos de dinheiro. Acredito que muita gente pagaria mais para ter um remédio que realmente funcione. Então parece ser um caminho para fazer isso ser economicamente viável e acabar com a diarreia. Então a doença “de rico”, a síndrome do intestino irritável, é um caminho para driblar a dificuldade de ter fundos para tratar uma doença de pobre. Tenho certeza de que, se descobrirmos que o composto também funciona para a síndrome haverá muitas empresas interessadas em ajudar a gente. Mesmo porque líderes de muitas empresas têm essa doença. [risos] 

E como o remédio age? 
No caso da diarreia, as bactérias liberam toxinas no organismo. Descobrimos um remédio que bloqueia o mecanismo das células e interrompe o problema. Não matamos o micro-organismo, mas cessamos a ação do corpo. A droga funciona com E-Coli e Cólera.

É verdade que o mesmo componente do Viagra, o óxido nítrico, vai ser usado na nova droga? 
Sim. Para entender melhor, é preciso saber que as células do organismo produzem elementos o tempo todo, que são lançados nos vasos sanguíneos, o cérebro libera neurotransmissores... Enfim, existem centenas de mensageiros no corpo, procurando seu alvo. Eles encontrarão o alvo com a ajuda de receptores que ficam nas membranas das células. Esses primeiros “mensageiros” interagem com os receptores como uma chave e uma fechadura, mas não precisam entrar na célula. O contato intracelular é feito por meio de mecanismos bioquímicos, realizado por receptores internos, chamados de segundos mensageiros intracelulares. Existem centenas de primeiros mensageiros, mas só sete ou oito mensageiros intracelulares – entre eles, o óxido nítrico. Se o óxido nítrico é um dos sete, posso dizer que ele regula 14% do nosso corpo.

Matematicamente faz sentido. Mas como um mesmo químico resolve problemas de ereção, doenças vasculares e diarreia? 
O sistema cardiovascular tem seus mensageiros. Se tiver o receptor certo para o primeiro mensageiro, a mensagem chegará para dentro das células e a função ocorrerá: dilatação dos vasos, coração baterá mais forte etc. Para questões vasculares, precisamos de altos níveis do composto, para diarreia, acredito que precisaremos de baixos níveis. É como a aspirina: as pessoas usam para tratar dor de cabeça e prevenir ataques cardíacos e câncer colorretal.

Já se sabe qual será o veículo remédio? Injeção, cápsula? 
Não ainda. Temos que ver como ele vai funcionar. Espero que seja por via oral, porque poderíamos até colocar em pirulitos para crianças. Estimo que em três anos possamos ter o produto no mercado.

Fonte: Revista Galileu Online

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Um em cada três adultos no mundo têm pressão alta, indica OMS


Pela primeira vez, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou em seu relatório anual dados sobre o alto nível de pressão sanguínea e de glicose de homens e mulheres em 194 países. De acordo com o relatório, um em cada três adultos no mundo tem pressão alta. A hipertensão contribui para a metade das mortes por derrame e 45% por problemas cardíacos. O diagnóstico e o tratamento diminuíram o número de pessoas com hipertensão em países desenvolvidos. Na África, o cenário é outro, quase 50% da população adulta têm pressão acima do normal.
“A maioria dessas pessoas não tem diagnóstico [nos países africanos]. No entanto, muitos dos casos poderiam ser tratados com remédios de baixo custo, o que diminuiria significativamente o risco de morte e incapacidade provocada por doenças do coração”, diz relatório da entidade. No Brasil, 39,4% dos homens com mais de 25 anos e 26,6% das mulheres sofriam de hipertensão em 2008, conforme os dados da OMS.
O levantamento mais recente do Ministério da Saúde, divulgado no mês passado, indica que 22,7% dos brasileiros adultos sofrem de hipertensão. A prevalência da doença avança com a idade. Quase 60% da população com mais de 65 anos têm a doença, que é considerada crônica. Na faixa etária de 18 a 24 anos, apenas 5,4% são diagnosticados com hipertensão.
A doença é caracterizada pela pressão arterial igual ou superior a 14 por 9. O mesmo relatório da OMS também trata da prevalência mundial do diabetes. De cada dez adultos, um sofre da doença.

Fonte: www.correiodoestado.com.br

sábado, 7 de abril de 2012

SER IDOSO É “NOVO PADRÃO”, ANUNCIA OMS NO DIA DA SAÚDE




Organização Mundial da Saúde chama atenção para aumento do número de pessoas com mais de 60 anos. Em 2050 haverá 2 bilhões de idosos no mundo, anuncia OMS por ocasião do Dia Mundial da Saúde.

A população mundial está envelhecendo rapidamente. Em poucos anos, já haverá no mundo mais pessoas acima dos 60 anos do que crianças menores de cinco, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS) por ocasião do Dia Mundial da Saúde, 7 de abril. E o problema não se restringe ao países ricos.

"Muitas pessoas ainda acreditam que isso só diga respeito aos países ricos e que seja uma preocupação restrita à Europa e ao Japão. Mas isso não é verdade", diz John Beard, diretor do Instituto para Envelhecimento e Planejamento de Futuro da OMS em Genebra.

"Atualmente, os países com renda baixa e média são os que passam pelos processos de envelhecimento mais rápidos. Em 2050, haverá 2 bilhões de pessoas idosas no mundo, e 80% delas viverão em países que atualmente classificamos como emergentes ou em desenvolvimento", alerta.

Na verdade, a notícia pode ser considerada boa, pois significa que a expectativa de vida e o bem-estar da população estão aumentando em termos globais. Entretanto, a idade avançada é comumente vista como um efeito colateral do desenvolvimento socioeconômico.

"No passado, sempre falávamos no prolongamento da vida por alguns anos. Isso está certo, e os países estão conseguindo progressos enormes nesse sentido", aponta Margaret Chan, chefe da OMS.

Porém, envelhecer não basta, seria preciso dar um passo adiante. É preciso preencher os anos adicionais com qualidade de vida. Para Chan, as pessoas de todo o mundo têm o direito de envelhecer com boa saúde.

Mesmas causas de morte para todos

Em todo o mundo, os idosos morrem hoje das mesmas doenças. "Até mesmo nos países pobres, as causas de morte e invalidez mais comuns são doenças não infecciosas", diz Beard, de acordo com os estudos mais recentes sobre o assunto. "Não se trata mais de doenças infecciosas ou problemas gastrointestinais. O que mais preocupa hoje são as doenças cardiovasculares, acidentes vasculares, demência e infecções respiratórias."

O tratamento de tais problemas de saúde é geralmente simples e barato. Além disso, muitas das doenças podem ser evitadas por um estilo de vida saudável. Mesmo assim, nos países em desenvolvimento morrem quatro vezes mais pessoas das chamadas "doenças do estilo de vida" do que nos países ricos. A razão é a falta de cuidados médicos básicos.


Fonte: Página Global

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