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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Uma nova mitologia

J. R. R. Tolkien

A época é o começo da década de 1930; o lugar, o escritório de uma casa modesta em Oxford, na Inglaterra. O sujeito sentado na escrivaninha, um professor universitário de meia-idade, está de língua de fora depois de corrigir centenas de provas de uma espécie de Enem britânico daquela época - trabalho braçal e chato, mas indispensável por causa da grana extra que trazia, em especial para alguém com quatro filhos para sustentar. O professor fica até emocionado quando vê que um dos estudantes deixou uma folha inteirinha em branco, permitindo que ele descansasse um pouco. Sabe-se lá o porquê, ele se vê tomado por um impulso irresistível de escrever naquela página uma frase enigmática: "Numa toca no chão, vivia um hobbit".

O resto é história. Na tentativa de "descobrir" que diabos era o tal hobbit, nosso professor, John Ronald Reuel (ou simplesmente J.R.R.) Tolkien, acabaria consolidando um dos universos de ficção mais amados (e lucrativos) da história. Seus livros venderiam centenas de milhões de exemplares no mundo todo, sem falar nos bilhões de dólares abocanhados pelas adaptações de sua obra-prima, O Senhor dos Anéis, para o cinema. E tudo indica que mais bilhões virão por aí com a versão cinematográfica em três partes do livro que surgiu a partir da frase misteriosa, O Hobbit - o primeiro filme chega neste mês.

Até aí, nada que J.K. Rowling (Harry Potter), ou até George R.R. Martin (A Guerra dos Tronos) também não tenham conseguido fazer, certo? De fato, mas é difícil negar que, cifras à parte, Tolkien ocupe uma categoria só dele. E não só pelo fato de ele ter criado, praticamente sozinho, o gênero da fantasia épica (ou a mania de autores desse gênero de usar iniciais para assinar seus livros). Tolkien é único porque nenhum autor, antes ou depois dele, conseguiu reproduzir com tamanha precisão a maneira como funcionam as mitologias "de verdade" (como a grega ou a escandinava).

Quando começou a escrever ficção, nas trincheiras e acampamentos militares da Primeira Guerra Mundial, Tolkien tinha como ambição criar "uma mitologia para a Inglaterra". No fim das contas, ele acabou conseguindo realizar algo bem mais grandioso: uma nova mitologia para o mundo inteiro.

Em certo sentido, Tolkien era o cara perfeito para a tarefa por causa de sua formação peculiar. Como professor na Universidade de Oxford, sua especialidade era a filologia, uma espécie de arqueologia linguística e literária.

Uma das tarefas dos filólogos é entender como as línguas evoluem - explicar, por exemplo, todas as modificações de sons e significados que fizeram uma palavrinha em latim, como tripalium, nome dado a um instrumento de tortura, virar "trabalho" em português.

Como esse exemplo indica, trata-se de um exercício que, além de ajudar muito na hora de criar dicionários e gramáticas, tem relevância direta para entender como as palavras expressam as ideias, as lendas e a história de um povo (no caso, deixa claro como os falantes das línguas latinas tinham sérias reservas quanto a esse negócio de trabalhar...). As descobertas da filologia "não trazem informações apenas sobre palavras, mas, principalmente, sobre as pessoas que as falavam", resume o filólogo britânico Tom Shippey, um dos principais estudiosos da obra de Tolkien, hoje aposentado depois de lecionar em Oxford e nos EUA.

As pesquisas filológicas, que ganharam enorme impulso ao longo do século 19, também permitiram outro tipo de arqueologia: a compreensão cada vez mais precisa de línguas e literaturas muito antigas ou praticamente "perdidas". E aí é que o bicho pegou para Tolkien. Explica-se: graças às técnicas filológicas, que incluem, por exemplo, a comparação de palavras em vários idiomas aparentados e a compreensão de como os sons das palavras tendem a mudar, textos antes difíceis, obscuros ou mesmo ilegíveis passaram a ficar mais claros. Isso lançou luz sobre narrativas antigas que contêm passagens quase impenetráveis para olhos modernos: a Bíblia, os épicos de Homero e - o mais crucial para Tolkien- a literatura medieval do norte da Europa. Ele descobriu esses textos - escritos em línguas como finlandês, islandês antigo, inglês antigo, galês e gótico - entre o fim do que hoje chamaríamos de ensino médio e o começo da faculdade. Acabou levando nota baixa nas disciplinas que cursava originalmente em Oxford (seu objetivo inicial era se especializar em latim e grego) por causa de seu fascínio por essas histórias estreladas por guerreiros orgulhosos, mulheres "belas como elfas", anões vingativos e, de vez em quando, algum dragão e seu tesouro.

Parece familiar, não é? A questão é que a principal característica dessas narrativas medievais que inspiraram Tolkien é o fato de pouquíssimas delas terem sobrevivido, para começo de conversa. No caso da Inglaterra do começo da Idade Média, a história é particularmente séria. Há um único grande poema épico que chegou até nós - Beowulf, a saga de um guerreiro que enfrenta ogros assassinos e um dragão. E só. Enquanto na Islândia algumas histórias ainda falavam sobre deuses (como Odin e Thor) e criaturas sobrenaturais, nada disso ficou preservado em inglês antigo.

Isso acabou deixando em Tolkien uma sensação terrível de vazio cultural, como ele explicou numa carta que enviou a um editor para tentar emplacar um de seus livros. "Desde meus primeiros dias, eu me entristecia com a pobreza de meu próprio e adorado país: ele não tinha histórias suas (ligadas à sua língua e ao seu solo), não da qualidade que eu buscava e achava (como um ingrediente) em lendas de outras terras. Havia lendas gregas e célticas, latinas, germânicas, escandinavas e finlandesas; mas nada inglês, exceto coisas empobrecidas de livros de segunda mão", escreveu ele.

Talvez você esteja se perguntando: e as histórias do rei Arthur e da Távola Redonda, não contam? "Sua naturalização [como lendas inglesas] é imperfeita", argumentou Tolkien. De fato, as lendas arturianas provavelmente tiveram seus começos entre populações celtas, que falavam galês, e que celebravam justamente a luta desses moradores nativos da Grã-Bretanha contra os anglo-saxões - invasores vindos do norte da Alemanha que, na vida real, conquistaram a Grã Bretanha e se tornaram os ancestrais dos ingleses modernos.

Pior ainda, quem realmente popularizou as histórias do rei Arthur foram escritores medievais franceses. E, ao que tudo indica, foi justamente a influência cultural da França que acabou soterrando as lendas e a literatura dos anglo-saxões depois do ano de 1066, quando Guilherme, o Conquistador - duque da Normandia, no norte da França - invadiu e subjugou a Inglaterra. Durante os 300 anos seguintes, a língua e a cultura da elite do país ficaram totalmente afrancesadas, e a memória da cultura anglo-saxã desapareceu - a ponto de até pouco tempo atrás haver dúvidas sobre se houve mesmo uma culturaanglo-saxã na ilha.

Mas Tolkien e outros filólogos da época tinham convicção de que, sim, ela existiu um dia, até porque Beowulf e os outros poucos poemas anteriores a 1066 continham breves alusões a personagens e histórias que apareciam em textos da Alemanha e da Escandinávia. Em seu livro The Road to Middle-earth ("A Estrada para a Terra-média", sem versão em português), Tom Shippey argumenta que a ficção de Tolkien é, em grande medida, uma tentativa de reconstruir esses cacos num conjunto bem organizado, que fizesse sentido e contasse uma grande história mitológica. De fato, é o que o filólogo-escritor parece ter feito, começando com a criação do mundo, no conjunto de textos publicado com o título de O Silmarillion após a morte dele. O perfeccionista Tolkien nunca conseguiu concluí-lo da maneira que desejaria em vida, mas não há dúvidas sobre as intenções do autor para a obra. A principal característica do majestoso mito da criação que inicia o livro é a tentativa de casar figuras parecidas com deuses pagãos com a ideia de que existiria um único Deus com D maiúsculo.

Esse Deus, Eru Ilúvatar, teria criado primeiramente um grupo de seres semelhantes aos anjos bíblicos, mas com um papel bem mais ativo: seriam os responsáveis por colocar em prática o plano divino para o Universo e por governar a Terra em nome do Criador. É claro que o poder acabaria subindo à cabeça de um desses "vices" cósmicos, que se rebela contra Deus. Trata-se de Melkor, a versão tolkieniana do Diabo. Essa figura satânica foi o mestre de Sauron, o vilão de O Senhor dos Anéis. A partir dessa cena inicial, o escopo grandioso da obra se mantém. Um dos motivos pelos quais a saga supera em complexidade todas as demais mitologias é justamente a maneira como autor arquitetou todo o processo de transmissão dessas histórias de uma geração para outra.

O primeiro truque que o filólogo empregou para isso parece loucura: fingir que ele não escreveu os livros, só os traduziu a partir de manuscritos antigos. O Senhor dos Anéis e O Hobbit seriam, pela lógica tolkieniana, apenas a tradução do "Livro Vermelho do Marco Ocidental", manuscrito que reuniria as memórias dos hobbits Bilbo, Frodo e Sam - J.R.R. realmente afirma isso nos prólogos e apêndices dos livros. E a coisa vai mais longe.

Tolkien sabia muito bem como os manuscritos medievais do mundo real englobam várias versões diferentes do mesmo livro, incluindo coisas como erros de ortografia, modificações feitas de propósito pelos escribas, anotações feitas nas margens etc. O escritor tirou partido desses detalhes para resolver uma pequena inconsistência entre O Hobbit, publicado em 1937, e O Senhor dos Anéis, cujo volume 1 saiu em 1954. É que, na primeira edição de O Hobbit, o personagem Gollum - aquele que chama o Anel de "meu Preciosssso" - até que era um sujeito gente fina. Quando propõe ao hobbit Bilbo um duelo de adivinhações, Gollum não só aposta de bom grado o Anel como prêmio pela vitória na disputa como, ao ser derrotado, aceita sem problemas. E até pede desculpas a Bilbo por não poder dar ao hobbit o Anel prometido (Gollum não sabe que, num lance de sorte, Bilbo já tinha pegado o objeto). "Nem sei quantas vezes Gollum implorou o perdão de Bilbo", escreve o narrador do livro. "Ele não parava de dizer: `Sssentimosss muito; nóss não queríamosss trapacear, queríamosss dar a ele nosssso único presente, se ele ganhasssse a competição¿. Ele até se ofereceu para pegar para Bilbo uns peixes suculentos como consolação."

Parece uma maluquice perto do Gollum sombrio dos filmes. É que, nessa versão da história, o Anel era só um artefato mágico - Tolkien ainda não havia decidido que o objeto era o "Um Anel" todo-poderoso do demoníaco Sauron. As edições posteriores de O Hobbit retratam um Gollum torturado pela posse do Anel.

Mas como conciliar as duas versões da história? Fácil: no prólogo de O Senhor dos AnéisTolkien diz que havia variantes do manuscrito escrito por Bilbo. Algumas cópias preservavam a versão "boazinha" da história - que o hobbit, já influenciado pelo Anel, inventou para afirmar que Gollum teria lhe dado o artefato de livre vontade. É o tipo de manipulação ideológica responsável, no mundo real, por versões alteradas de textos da Bíblia, por exemplo.

Outro fator importantíssimo para a ilusão de que os textos da Terra-média são uma mitologia "de verdade", com milhares de anos, e não a criação de um autor único ao longo de algumas décadas, é a maneira cuidadosa como Tolkien reciclava as próprias histórias. O que acontece é que as narrativas mais importantes de sua mitologia possuíam inúmeras versões: algumas mais curtas, outras mais longas, às vezes em prosa, outras vezes na forma de poesia (com centenas de versos). É um processo comum no caso de mitos reais, que eram transmitidos de geração em geração pela tradição oral e acabavam assumindo as formas mais diversas.

Graças a essa gigantesca massa de textos, Tolkien conseguia realizar truques como a citação, em meio à narrativa em prosa de O Senhor dos Anéis, de um "antigo" poema da época de O Silmarillion. Com isso, o leitor acaba tendo a impressão, mesmo que inconscientemente, de que existe uma tradição cultural gigantesca por trás de tudo.

E, claro, nenhum outro autor foi tão longe na viagem mental de criar idiomas para seu mundo fictício. A originalidade dele nesse quesito envolveu, mais uma vez, o rigor da filologia. Em vez de simplesmente inventar o vocabulário e a gramática das cerca de dez línguas de seu mundo, ele começava com um idioma ancestral (o equivalente do latim para o português, o espanhol, o francês e o italiano, digamos) e ia derivando as diversas "línguas-filhas", seguindo regras de mudanças nos sons das palavras já conhecidas no caso de famílias linguísticas de verdade. Um trabalho hercúleo. E único, como define o professor de língua inglesa Michael Drout, do Centro de Estudos Medievais do Wheaton College, nos EUA: "Todas essas qualidades são ímpares, seja entre autores de fantasia, seja em qualquer outro tipo de literatura".

O HOBBIT (LANÇADO EM 1937)
Um grupo de 13 anões liderados por Thorin Escudo-de-Carvalho, herdeiro do reino anão da Montanha Solitária, está em busca de um especialista para invadir o interior da montanha, que fora dominada pelo dragão Smaug. Então convocam o hobbit Bilbo Bolseiro, um sujeito caseiro e nada aventuresco, que acaba sendo arrastado para um mundo de monstros, batalhas e um anel mágico.

A SOCIEDADE DO ANEL (1954)
Na primeira parte de O Senhor dos Anéis, Bilbo e seu herdeiro, Frodo, descobrem que o anel de O Hobbit na verdade é o "Um Anel", no qual foi depositada a maior parte do poder de Sauron, o segundo Senhor do Escuro. O herói Frodo forma a Sociedade do Anel, com seus amigos hobbits e o mago Gandalf, entre outros, para destruir o objeto.

AS DUAS TORRES (1954)
A Sociedade do Anel é atacada por orcs e se separa. Enquanto Frodo parte para tentar destruir o Anel, os outros hobbits do grupo são capturados. Gandalf, o humano Aragorn, o elfo Legolas e o anão Gimli precisam estimular a resistência contra as forças de Sauron. No caminho para os domínios do vilão, Frodo e Sam encontram Gollum, o antigo dono do Anel em O Hobbit, que quer recuperar o artefato.

O RETORNO DO REI (1955)
Na conclusão de O Senhor dos Anéis, os exércitos de Sauron lançam ataques contra as últimas fortalezas da Terra-média que ainda impedem o triunfo do vilão. Aragorn tenta desesperadamente deter a maré da guerra e ganhar tempo para que Frodo e Sam finalmente destruam o Um Anel e aniquilem o poder do Senhor do Escuro de uma vez por todas.

AS AVENTURAS DE TOM BOMBADIL (1962)
Coleção de poemas, alguns já publicados em O Senhor dos Anéis. Dois deles versam sobre Tom Bombadil, misterioso personagem imortal que ajudou os hobbits a sair de sérios apuros na Saga do Anel. Outros poemas falam de monstros míticos ou têm uma pegada existencial. Na introdução, Tolkienafirma que os textos representam uma espécie de cancioneiro popular dos hobbits, editado anos depois dos eventos de O Senhor dos Anéis.

O SILMARILLION (1977)
Conta a criação do mundo de Tolkien e as origens de criaturas como elfos, anões e humanos. A parte principal versa sobre as guerras entre os elfos e o primeiro Senhor do Escuro, Morgoth, na disputa pela posse das Silmarils, joias criadas pelo maior artesão élfico. Também fala sobre a ascensão e queda da ilha de Númenor, a Atlântida de Tolkien, e resume a trama da Saga do Anel sob a perspectiva dos elfos.


O PANTEÃO DE TOLKIEN
HOBBITS
No universo de Tolkien, são um ramo da "raça dos homens", mas com a metade da altura e pés peludos. Gostam da vida simples e bucólica, cultivando a terra e vivendo em tocas.

OS VALAR E OS MAIAR
São espíritos que assumiram forma semelhante à humana para governar o Universo em nome do Criador. Seu rei é Manwë, senhor dos ares.

ELFOS
São a mais antiga das duas raças de seres inteligentes. Imortais, belos e sábios, estão destinados a ceder lugar aos mortais ao longo da história da Terra-média.

HOMENS
Nessa mitologia, os humanos são os "irmãos mais novos" dos elfos. Sua mortalidade é considerada um presente do Criador, e não um castigo.

ANÕES
Criados por Aulë, o ferreiro dos Valar, eles foram "adotados" pelo Criador. Fascinados por pedras preciosas, são atarracados e barbudos (mesmo as mulheres).

ENTS
Os "Pastores das Árvores" são gigantes que guardam as florestas da Terra-média. Extremamente lentos e longevos, estão entre os seres mais antigos do mundo.

ÁGUIAS
Criaturas a serviço do rei dos Valar, Manwë, elas são inteligentes e acompanham do alto o que acontece na Terra-média. Em momentos cruciais, ajudam os bons.

MELKOR / MORGOTH
Originalmente o mais poderoso dos Valar, rebelou-se contra o Criador, consumido pelo desejo de dominar a Terra. Seu apelido, "Morgoth", quer dizer "o Inimigo Escuro".

SAURON
É o vilão de O Senhor dos Anéis. Originalmente um servo de Morgoth, acabou assumindo o papel de seu antigo mestre depois que ele foi derrotado.

DRAGÕES
São resultados de "experimentos" de Morgoth, que colocou espíritos sombrios em corpos de répteis, para servi-lo.

BALROGS
São servos de Morgoth que assumiram formas demoníacas, tornando-se um dos monstros mais temíveis do séquito do Senhor do Escuro.

TROLLS
Foram criados a partir de rochas por Morgoth. Os primeiros trolls eram lentos, estúpidos, mas extremamente ferozes e destrutivos.

ORCS
Essas criaturas horrendas, usadas como soldados de Morgoth e Sauron, surgiram a partir de elfos torturados e desfigurados nos primórdios da Terra-média.


Para saber mais
Languages, Myths and History
Elizabeth Solopova, North Landing Books, 2009


Fonte: Revista Superinteressante, dez./2012

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Muito barulho por nada

A ciência se aproxima de descobrir por que existe algo em vez de nada
por Michael Shermer
©Kevin Carden/ Shutterstock

Por que existe algo em vez de nada? Essa é uma daquelas questões profundas difíceis de responder. Ao longo de milênios, os humanos simplesmente disseram “Foi Deus quem fez”: um criador precedeu o Universo e o criou a partir do nada. Mas isso levanta a pergunta de quem criou Deus – e se Deus não precisar de um criador, a lógica dita que o Universo também não precisa. A ciência lida com causas naturais (não sobrenaturais) e por isso permite várias maneiras de explorar de onde é que o “algo” veio.


Universos múltiplos
Há muitas hipóteses de multiversos que nos mostram como o Universo poderia ter nascido a partir de outro. Nosso Universo pode ser, por exemplo, apenas um entre vários universos-bolha com diferentes leis naturais, que produziriam estrelas, com algumas delas colapsando em buracos negros e tendo peculiaridades que dariam origem a novos universos – de maneira similar à singularidade que os físicos acreditam ter dado origem ao Big Bang.

Teoria-M
No livro The Grand Design (O grande projeto), escrito em 2010 com Leonard Mlodinow, Stephen Hawking elege a “Teoria-M” (uma extensão da teoria de cordas que inclui 11 dimensões) como “a única candidata à teoria completa do universo. Se for finita – e isso ainda terá que ser provado – será o modelo de um universo que cria a si mesmo”.

Criação de espuma quântica
O “nada” do vácuo espacial na verdade é feito de turbulências espaço-temporais subatômicas em distâncias extremamente pequenas, mensuráveis na escala de Plank – a distância na qual a estrutura do espaço-tempo é dominada pela gravidade quântica. Nessa escala, o princípio da incerteza de Heisenberg permite que a energia decaia brevemente em partículas e antipartículas, produzindo “algo” a partir do “nada”. O nada é instável. Em seu novo livro, A Universe from Nothing, o cosmólogo Laurence M. Kraus tenta ligar a física quântica à teoria da relatividade geral de Einstein para explicar a origem de um Universo dessa maneira: “Na gravidade quântica, os universos podem aparecer espontaneamente, e de fato sempre o farão. Esses universos não precisam estar vazios, mas podem conter matéria e radiação desde que sua energia total, incluindo a energia negativa associada à gravidade (contrabalanceando a energia positiva da matéria), seja zero”. Além disso, “para universos fechados que podem ser criados a partir desses mecanismos para durar mais do que intervalos infinitesimais de tempo, algo como a inflação se faz necessário”. As observações mostram que o Universo é de fato plano (há matéria suficiente para desacelerar sua expansão, mas não detê-la), tem energia total zero e passou por uma rápida inflação, ou expansão, logo após o Big Bang, como descrito pela cosmologia inflacionária. “A gravidade quântica não apenas parece permitir que universos sejam criados a partir do nada – ou seja, da ausência de espaço e tempo –, ela pode precisar que seja assim. O ‘nada’ – nesse caso a ausência de espaço, de tempo, de tudo! – é instável”.

As outras hipóteses também são testáveis. A ideia de que novos universos possam surgir de buracos negros em colapso pode ser esclarecida a partir de conhecimentos adicionais sobre as propriedades de buracos negros, que estão sendo estudadas. Outros universos-bolha podem ser detectados nas sutis variações de temperatura da radiação cósmica de fundo deixada pelo Big Bang de nosso Universo. A Sonda Anisotrópica de Micro-ondas Wilkinson (WMAP, em inglês) está coletando dados sobre essa radiação. Além disso, o Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO, em inglês) foi projetado para detectar ondas gravitacionais excepcionalmente fracas. Se existem outros universos, talvez rugas em ondas gravitacionais indiquem sua presença. Talvez a gravidade seja uma força relativamente tão fraca (se comparada ao eletromagnetismo e às forças nucleares) porque parte dela “vaza” para outros universos. Mesmo que Deus seja visto como o criador das leis da Natureza que fizeram o Universo (ou multiverso) surgir a partir do nada – se essas leis forem determinísticas –, então Deus não teve escolha na criação do Universo, e por isso não foi necessário. De qualquer forma, por que deveríamos nos voltar para o sobrenatural quando nossa compreensão do natural ainda está em seus estágios iniciais? Seríamos sábios ao seguir esse princípio cético: antes de dizer que algo não é deste mundo, certifique-se de que não seja deste mundo.

Fonte: Scientific American Brasil

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Senado aprova criação de mais 70 mil cargos para o MEC



Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil


Brasília - O Senado aprovou hoje (30) projeto de lei que autoriza o Ministério da Educação a criar mais de 70 mil cargos e funções a serem preenchidos até 2014. Como foi aprovado na Câmara e não sofreu modificações no Senado, a proposta segue agora para sanção presidencial.
Segundo o governo, as vagas serão usadas no Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec).
Na justificativa da proposta encaminhada ao Congresso pela Presidência da República, o governo sustenta que a abertura dos cargos visa a promover a melhoria da educação nas universidades e nas escolas técnicas de ensino básico e médio.
De acordo com o projeto de lei, serão criados 43.875 cargos de professor, dos quais 19.569 da carreira de magistério superior e 24.306 do magistério do ensino básico, técnico e tecnológico. Ainda serão criados 27.714 cargos de técnico administrativo, além de 1.608 de direção e 3.981 de funções gratificadas.
 Fonte: Agência Brasil

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Primeira proposta de criação da web foi considerada vaga demais



"Vago, mas excitante..." diz anotação do chefe de Berners-Lee (Fonte da imagem: CERN)


Em 1989, Tim Berners-Lee, o pai da web, enviou a proposta de um sistema de gerenciamento de informações para o seu chefe no laboratório CERN, Mike Sendall. A resposta para a ideia foi anotada à mão, em um canto da folha: “Vago, mas excitante...”. Esse foi um dos pontapés iniciais para que pudéssemos, hoje, criar e ler páginas na internet.

O texto completo da proposta pode ser encontrado online. Quanto ao documento, ainda existe uma cópia física dele e, para o deleite de muitos internautas, a digitalização da folha está hospedada no site do primeiro servidor web do mundo.
Fonte: Techmundo

sábado, 10 de março de 2012

Morre o cartunista francês Moebius


O cartunista francês Jean Giraud, conhecido como Moebius, pai da história em quadrinhos sobre o tenente Blueberry, morreu neste sábado (10/03) aos 73 anos de idade após um longo período com estado de saúde debilitado, informou a emissora Europe 1.
Efe
O autor assinou boa parte de sua obra com o pseudônimo de Gir. Moebius trabalhou em algumas das revistas mais importantes da França, colaborou com desenhos para o cinema e ganhou fama com o gênero faroeste.
Criador de um universo muito pessoal, o desenhista francês colaborou na criação dos personagens dos filmes "Alien - O 8º Passageiro", de Ridley Scott; "O Quinto Elemento", de Luc Besson; e "O Segredo do Abismo", de James Cameron, entre outros.
Nascido em 8 de maio de 1938 na cidade francesa de Nogent-sur-Marne, no seio de uma família humilde, Giraud começou a publicar seus primeiros desenhos com apenas 15 anos.
Sua atração pelo "western" levou-o a criar, em colaboração com Jean-Michel Charlier, a saga "Blueberry", que assinou com o pseudônimo de Gir e que lhe deu fama internacional.
Com o passar dos anos, no final da década de 1960, o cartunista deixou de lado o realismo da série faroeste para se consagrar com obras mais fantásticas, em um universo próprio muito relacionado à ficção científica.
Foi nesse momento em que adotou o pseudônimo de Moebius e quando começou uma prolífica colaboração com o cinema, que durou vários anos.
Entre o realismo e a imaginação, Moebius teve tempo de desenhar a si mesmo, como mostra a série de álbuns que editou sobre sua própria vida sob o título "Inside Moebius".
Giraud teve fortes vínculos com o México, onde viveu sua mãe e onde passou diversos períodos de sua vida, o que influenciou sua visão do gênero "western".
Nomeado Melhor Artista Gráfico da França nos anos 1990, Moebius tinha a insígnia das Artes e das Letras que recebeu do então presidente François Mitterrand em 1985.
Muito admirado em seu país, concluiu no ano passado em Paris uma grande exposição consagrada da sua obra.
Fonte: Opera Mundi

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Gravadoras não devem ser as donas dos artistas, diz Peter Gabriel


O músico inglês, atualmente com 62 anos, foi fundador da banda Genesis e um expoente da fusão entre música e outras tecnologias.


Peter Gabriel tinha 17 anos quando fundou a banda Genesis, em 1967. Dez anos depois, iniciava uma carreira solo de sucesso, marcada pela experimentação de novas técnicas, equipamentos e instrumentos nas gravações. Seus trabalhos envolvem a criação de ambientes musicais ricos, acompanhados de um trabalho visual elaborado, tanto nas performances ao vivo quanto nos videoclipes. Um exemplo é o famoso Sledgehammer, de 1986.
Atualmente com 62 anos, o músico inglês confessa que anda mais envolvido em causas políticas que em projetos musicais. Defende que as gravadoras precisam ser prestadoras de serviços e não donas dos artistas. E acredita que os governantes sofrem muitas influências que tendem a corrompê-los. Veja a entrevista completa no vídeo! Clique aqui: Link para a entrevista com Peter Gabriel

Fonte: Globo News

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