Mostrando postagens com marcador crise financeira. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador crise financeira. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Crônica de uma decepção anunciada


Ricardo Amorim
Ricardo Amorim é economista, apresentador do "Manhattan Connection" (Globo News) e presidente da Ricam Consultoria (www.ricamconsultoria.com.br)

Mesmo que mais calotes não ocorram e a Europa tenha uma recessão branda, é provável que ela se estenda aos EUA

Dezembro, mês internacional das promessas e previsões para o ano vindouro. Uma previsão para 2012: você vai prometer e programar um monte de mudanças que não vão acontecer... e eu também. No Ano-Novo, imaginamos tudo que gostaríamos que acontecesse e desconsideramos solenemente qualquer potencial dificuldade. Conhece alguém que inclua problemas de saúde, perda de emprego ou crises no casamento em suas expectativas para o Ano-Novo? Nem eu.
A mesma coisa acontece com as previsões econômicas. 

A maioria dos economistas projeta a manutenção do status, ignorando potenciais obstáculos. No caso das previsões dos governos, o problema é ainda pior. O governo brasileiro projeta um PIB 5% maior em 2012; a maioria dos economistas espera crescimento de 3,5%. Minha previsão de Ano-Novo: todos exageraram no otimismo, talvez por muito.

Devido à letargia dos líderes europeus, recessão por lá em 2012 é praticamente uma certeza. Uma recessão branda é o cenário mais otimista. O cenário alternativo – se os europeus forem incapazes de implementar uma resposta ampla e significativa aos desafios atuais – é uma crise crônica de proporções superiores às causadas pelo colapso do banco Lehman Brothers em 2008.

No caso de um eventual processo generalizado de calotes de países europeus, a probabilidade de problemas financeiros mais sérios, similares aos causados pela quebra do Lehman Brothers, é muito grande.

Só que, desta vez, o arsenal de combate à crise nos países desenvolvidos está praticamente exaurido. Ao contrário de 2009, eles não podem mais estimular suas economias com aumento de gastos públicos e redução de impostos. Agora, há uma crise fiscal que exigirá exatamente o contrário. 

Também não terão como impulsioná-las reduzindo as taxas de juros. Elas já estão em 1% a.a. ou menos, em praticamente todos eles. O único instrumento de estímulo econômico que restou, o menos eficiente deles, é imprimir dinheiro – com efeitos colaterais na inflação e na taxa de câmbio, como todo brasileiro que viveu a década de 80 sabe.

Mesmo que mais calotes não ocorram e a Europa tenha apenas uma recessão branda, é bem provável que ela se estenda aos EUA. Desde 1948, toda vez que o crescimento trimestral americano caiu abaixo de 2% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, em seguida ele se tornou negativo. Quando o crescimento perde força, empresas param de contratar e investir, e bancos param de emprestar, aprofundando o próprio desaquecimento. No terceiro trimestre de 2011, o PIB americano cresceu 1,4% em relação ao terceiro trimestre de 2010. Paralisia política, corte de gastos públicos e aumento de impostos elevam ainda mais a probabilidade de recessão nos EUA em 2012.

Com Europa e EUA em recessão, só restaria o último dos pilares da economia mundial, a China. Infelizmente, a economia chinesa também está mais frágil do que em 2008. Então, o PIB chinês crescia 14% a.a. Agora, 9% a.a. Além disso, a redução na oferta de crédito global, causada por preocupações com a Europa, expôs problemas nas construtoras chinesas. Um eventual estouro de bolha imobiliária na China aumentará as dificuldades da economia global.

Quem lê habitualmente esta coluna não se surpreendeu com a estagnação do PIB brasileiro no terceiro trimestre deste ano. Não se surpreenda também com um crescimento muito baixo no ano que vem e até com uma pequena queda, se calotes ocorrerem na Europa. Feliz 2013.
Fonte: Revista Istoé

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Governo deve ajudar empresas nacionais a comprar estatais europeias



Agencia Brasil




São Paulo - O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, disse hoje (26) que o governo brasileiro deve ajudar empresas nacionais a comprar companhias estatais europeias. Segundo ele, com a crise, países da região terão que vender parte de seu patrimônio e o Brasil pode aproveitar a oportunidade para aumentar sua presença internacional. "O momento internacional é estratégico", declarou. "Os empresários brasileiros precisam ver a crise como uma oportunidade", completou o ministro.

Mercadante participou hoje (26) de uma das sessões do 6º Encontro Nacional da Indústria (Enai), em São Paulo, onde informou que o governo brasileiro já monitora oportunidades de negócios em países europeus em crise. Segundo ele, Portugal, Espanha e Itália, já anunciaram que vão vender parte de suas estatais: empresas de energia, correios e aviação, por exemplo. Só na Itália, o valor das companhias à venda deve chegar aos 100 bilhões de euros (cerca de R$ 245 bilhões).

O ministro disse que é interessante para o Brasil que empresas nacionais entrem na disputa. Por isso, o governo deve apoiar financeiramente os projetos de compra que surgirem. "O Estado brasileiro tem que ser parceiro", disse o Mercadante. "Se for um projeto, se for alguém que tenha condição de tomar crédito, seguramente o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] estará pronto para apoiar."

O ministro também confirmou que o governo vai aumentar o índice de nacionalização dos automóveis vendidos no Brasil. Como anunciou ontem (25) o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o índice, que serve de base para incentivos fiscais e atualmente em está 65%, deve mudar em 2013. Para Mercadante, esse percentual é pequeno no Brasil. Na China, segundo o ministro, ele chega a 90%.

O ministro disse ainda que índices de nacionalização para outros setores produtivos também estão em estudo. Na avaliação de Mercadante, isso deve ajudar o Brasil a fortalecer sua indústria e não "exporte" empregos para outros países.

terça-feira, 26 de julho de 2011

O declínio do império financeiro americano


À medida em que cresce risco de calote imediato,  desgasta-se condição dos EUA como grande centro financeiro do mundo

Por Antonio Martins
As crises ensinam. Até ontem à noite, os políticos norte-americanos continuavam incapazes de chegar a um acordo sobre a ampliação da dívida do país — única forma de evitar, a partir de 2 de agosto, um colapso múltiplo dos serviços públicos e, talvez, um calote contra os credores do país. Por suas consequências devastadoras, sobre toda a economia mundial, tal desfecho é, ainda, improvável. Mas um texto das jornalistas Julie Creswell e Louise Story, publicado semana passada no New York Times debate as consequências de longo prazo da crise destas semanas. A leitura sugere que o papel de que os Estados Unidos se beneficiaram desde o final da II Guerra — o de grande centro financeiro global — sofrerá grande desgaste.
Julie e Louise apuraram que surgiu pela primeira vez, no universo dos mega-investidores em papéis norte-americanos — Tesouros de dezenas de países, corporações transnacionais, grandes instituições financeiras — a noção de que também os Estados Unidos podem ficar sem condições de honrar sua dívida. Tanto pelo crescimento exponencial dos débitos, quanto, como sugere o episódio atual, por decisão ou mesmo paralisia política.
Tal compreensão pode romper uma crença e um comportamento mantidos durante décadas. Como o dólar era a moeda aceita internacionalmente, pensou-se que seu emissor nunca se tornaria inadimplente. Comprar títulos do Tesouro norte-americano foi sempre considerado a opção mais segura, para investidores interessados em manter seus recursos protegidos. Por isso, os Estados Unidos foram, durante longos períodos, financiados pelo resto do mundo. Mantiveram comércio externo altamente deficitário porque, num certo sentido, bastava-lhes imprimir dinheiro. Como nenhuma outra moeda ameaçou, neste período, seu papel, os grandes investidores simplesmente não tinha outra opção, exceto continuar financiando os EUA.
O risco real de um calote está levando os gestores dos Tesouros, corporações e bancos credores dos EUA a rever, pela primeira vez, esta opção. No momento, é apenas uma consideração teórica, inclusive porque não há alternativas. Mas o que a matéria do New York Times revela é que, mesmo após superado o impasse entre democratas e republicanos, a situação nunca será a mesma. A ficha começou a cair.
Um calote do Tesouro dos EUA seria desastroso para todos. Ele tornaria insolventes outros bancos, empresas e países, com provável efeito-dominó em plano mundial. Lançaria dúvida generalizada sobre algo essencial na economia: a crença que cada parte precisa ter na capacidade de pagamento da outra, em qualquer operação econômica (da fusão entre duas grandes companhias à compra de um computador ou ao depósito em um banco). Por isso, não vale a pena torcer pela quebra. Mas será cada vez mais importante desmistificar o papel financeiro dos Estados Unidos, e buscar alternativas a ele…
Fonte: Outraspalavras.net

Postagens populares

Total de visualizações de página

Páginas