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domingo, 20 de dezembro de 2020

UM SOPRO DE VENTO EM MEU ROSTO

Rogério Rocha
Rogério Rocha (filósofo e escritor)


Por Rogério Henrique Castro Rocha

 

Bateu com as mãos seis vezes sobre seu peito. Um tronco forte, forjado na luta cotidiana e em anos de saga no trabalho das fazendas do interior. Punho cerrado, braço forte, como o peso de um porrete. Vi no gesto algo como um primata em ambiente natural, num alarido que aos outros soaria quase como um ritual bárbaro. Uma forma extrema de reafirmação de seu poder.

Gritou, esmurrou, socou. Primeiro o peito dele, depois o meu. Sobre o dele os murros eram como impulsos de energia, a potencializar ainda mais a dinâmica daquele momento. Uma prévia da ação. Sobre o meu, era como se uma carreta estivesse por me esmagar. Era quase um coice de cavalo bravo.

Bateu com força e esbravejou. Sempre que fazia isso era a meio metro de distância, deixando a espuma respingar dos cantos de sua grande boca. Aquela mesma que um dia, sedenta, desfrutei ao beijar a primeira vez. É... Quem diria.

Apesar dos meus pedidos, era incapaz de parar. Minha alma estava pálida àquela altura. Meu rosto também. Mas depois mudaria para pior, ficaria rubro, vermelho. Nele o sangue, a fraqueza, a frouxidão...

Ele veio com tudo. Sim. Veio com fome de mim. Distribuiu um golpe seco, chapado, com a palma da mão cheia de calos sobre a minha face. Afinal, o trabalho na obra nunca o dignificara. Nunca, nunca mesmo.

Ele bateu em seu peito de rinoceronte. Bateu, depois cuspiu sobre mim. Empurrou-me sobre a mesa da cozinha. Com os braços esticados em sua direção, as mãos querendo proteger o rosto, retruquei com algumas palavras tímidas que nem sei quais foram. Mas não importa! Para mim nada importa hoje. Para ele menos ainda.

Fui tímida a vida toda. Tímida e tola. Sobretudo quando deitava na cama para que o seu pesado corpo, ainda não banhado, me amassasse com frenéticas investidas, que bagunçavam tudo dentro de minhas entranhas.

Algumas vezes percebi ser eu a fonte daquela gênese de sentimentos, mas tudo muito confuso. Ciúmes e posse, amor, violência, querer e ceder. Depois, mansamente, fui recuando para dentro do meu deserto de esperas e falsas esperanças. Espera pelo que nunca seríamos e esperança pelo que deixaria de ser também, muito brevemente.

O café que derramei sobre o pano da mesa, quando contra ela me choquei, estava preto. Sem um pingo de leite. Preto, preto, simples como a vida. Sem açúcar também, isso lembro. Mas não consegui pegar o pote, pois foi justo quando ele chegou do trabalho. Estava tarde. Era tarde mesmo, eu sei. Mas parece que para mim tudo é tarde já faz um tempo.

Sofri em desespero com as descargas de adrenalina que faziam daqueles olhos verdes, que me fulminavam segundo após segundo, um lago de insanidade. Também sofri pelos trancos que minha coluna pegou, pelos trincos que a cervical devia ter, por causa daquelas mãos pegajosas atadas aos meus braços, a me sacudir como se fosse uma boneca de pano em tamanho gigante.

Foi quando girou rumo à porta que dava para o pequeno quarto dos gozos que eu não mais tivera, em busca do cinto que sempre usava, que abri a gaveta do armário da cozinha, tirei a faca de pão e a escondi atrás de mim. Na volta, com a mão direita a esmagar minhas bochechas, num breve deslize da guarda, antes de outra surra, enfiei de um golpe só o pequeno instrumento no lado esquerdo de sua garganta. Foi duro, rápido, urgente. Quase um flash para mim, a eternidade para ele.

Ouvi um urro de leão ecoar no espaço diminuto da nossa casa, um corpo imenso a cair no chão esperneando, debatendo-se como um porco a estrebuchar. Paralisada, devorei com os olhos lacrimosos a imagem daquele monstro, já nas últimas. Até o ponto em que pude, eu o encarei, navegando em velocidade da luz as memórias destroçadas de uma história de constantes desassossegos.

Depois do que vi, não tive mais pena, medo, dor, cansaço. Saí sem trancar a porta. Sem olhar ao redor. Mãos sujas de sangue. Deixei naquela casa minhas roupas e o pouco que construí com o meu carrasco. Num rumo incerto, passei a correr mais leve, mais rápido. A alma então, outrora pesada, bem mais que a sombra frágil do meu corpo, fugia em disparada.

Era noite. Ia eu embora pela rua deserta. Chorava e sorria, num descontrole que lembrava o jorro de ar na torneira, quando a água chega. Por mero influxo, o riso me tomou a face, lambeu meus lábios, limpou todo o sangue. Ao mesmo tempo, sentia, com prazer, um sopro de vento que beijava meu rosto e um forte arrepio, da coluna à nuca, enquanto descia a ladeira em direção ao nada daquela vida que acabara e ao tenso encontro com a liberdade de uma incerta madrugada.

sábado, 28 de julho de 2012

Sarah Menezes ganha o 1º ouro olímpico da história do judô feminino do Brasil

  • AFP PHOTO / FRANCK FIFE
    Sarah Menezes exibe a medalha de ouro conquistada na categoria até 48 kg Sarah Menezes exibe a medalha de ouro conquistada na categoria até 48 kg
A primeira medalha de ouro do Brasil em Londres veio com um feito histórico. A judoca piauiense Sarah Menezes venceu a romena Alina Dumitru na final da categoria até 48 kg e assegurou uma conquista inédita para o judô feminino do Brasil em Jogos Olímpicos.

Mais agressiva, Sarah tentou imobilizar a adversária logo no começo da luta. Por pouco não conseguiu, e deixou a romena sentindo o braço direito. A brasileira passou a forçar o lado atingido da adversária, e conseguiu um yuko no último minuto, seguido por um waza-ari para assegurar o ouro.

Foto - Sarah Menezes dá um grito logo após aplicar um golpe que lhe deu a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos AFP PHOTO / JOHANNES EISELE
“Ainda estou flutuando, não caiu minha ficha completamente. Estou muito feliz e agora acredito ainda mais no meu potencial”, comentou Sarah após a vitória.
A vitória na decisão arremata o dia perfeito da brasileira. Sarah começou vencendo a vietnamita Ngoc Tu Van, a francesa Laetitia Payet e a chinesa Wu Shugen pela manhã. À tarde, fez uma disputa tensa, mas ganhou da belga Charline van Snick por um yuko.

MAIS SOBRE O OURO DE SARAH

Na decisão, fez valer seu retrospecto contra a romena Alina Dimitru, que era a atual campeã olímpica mas havia perdido as três últimas lutas contra Sarah.
A conquista coloca Sarah como a atleta com os melhores resultados da história do judô feminino. Ela sagrou-se campeã mundial júnior pela primeira vez em 2008 e repetiu o feito no ano seguinte, quando ainda foi eleita a atleta olímpica do ano pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro), em votação popular.
Mais adiante, ainda faria bonito em dois Mundiais adultos. Em 2010, foi bronze na competição disputada no Japão, repetindo o posto em Paris, no ano passado. Foi também na última temporada que ela sofreu uma das derrotas mais duras da carreira. Na final do Pan de Guadalajara, quando era ampla favorita, perdeu da cubana Dayaris Alvarez, provocando a ira da técnica Rosicleia Campos.




 
Nada que abalasse a relação entre elas. Quando venceu a semifinal e ganhou a prata, por exemplo, Sarah emocionou-se ao abraçar a treinadora, que cuida da piauiense na seleção desde o início da carreira da pupila. O outro técnico que tem papel no ouro da judoca é Expedito Falcão, seu técnico desde a entrada no judô, aos 9 anos.
Sarah, que coloca o mestre como seu ídolo, começou no esporte à revelia de seus pais, que achavam o judô muito masculino. Hoje, a atleta não só superou o preconceito em casa como também mudou completamente seu status em seu estado natal. Apesar de ter recebido várias propostas, ela se recusa a deixar o Piauí, especialmente depois de começar a receber ajuda da CBJ para se manter por lá.
Pela fidelidade, ela é tratada como celebridade em Teresina, onde vive, e não raras vezes é paparicada por autoridades como o governador do Estado e o prefeito da cidade.

Foto - Faltando 20 segundos, Sarah conseguiu um yuko e assegurou a vitória. AFP PHOTO / FRANCK FIFE

Foto - Sarah Menezes festeja a primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos de Londres. AFP PHOTO / ADRIAN DENNIS

Fonte: http://olimpiadas.uol.com.br/noticias/redacao/2012/07/28/sarah-menezes-ganha-o-1-ouro-olimpico-da-historia-do-judo-feminino-do-brasil.htm

segunda-feira, 26 de março de 2012

Suíça vence "final retrô" e conquista o Mundial feminino de curling


Equipe feminina da Suíça exibe troféu de campeão do Mundial de curling. Foto: Reuters 
Suécia e Suíça fizeram na noite deste domingo, em Lethbridge, no Canadá, a reedição da primeira final do Mundial feminino de curling. Passados 33 anos da disputa na cidade escocesa de Perth, o resultado foi o mesmo: suíças campeãs. Triunfo por 7 a 6 com autoridade sobre as atuais campeãs para levar o troféu pela terceira vez para a terra dos Alpes.
A Suécia defendia o título do ano passado e um respeitoso retrospecto nas últimas edições do Mundial: desde 2005 esteve presente em quatro decisões. As suíças voltavam a jogar uma final depois de 12 anos.
As duas seleções, donas das melhores campanhas da primeira fase, também jogaram, indiscutivelmente, o melhor curling desta edição, que foi recheada de surpresas. As positivas ficaram por conta da vice-campeã asiática Coreia do Sul, quarta colocada, e os Estados Unidos, que chegaram a brigar por uma vaga nos playoffs. Já as anfitriãs canadenses penaram mais uma vez e ficaram com o bronze. Quem também deixou a desejar foi a campeã europeia. As escocesas foram eliminadas na primeira fase com cinco derrotas em 11 jogos.




WWCC 2012 - Gold Medal Final - SUI vs SWE - HIGHLIGHTS


O jogo
A decisão não poderia ser de outro jeito. Foi em alto nível. Diferentemente dos últimos anos, a tensão não ficou tanto para o fim. Os traços da campeã começaram a ser vistos já antes do intervalo, com uma quebra de martelo da Suíça, de Mirjam Ott, no quinto end (3-2).
Na segunda etapa do jogo, Margaretha Sigfridsson precisava encontrar um caminho para recuperar o ponto perdido, mas esbarrava na inteligente Ott, que no oitavo end deu o golpe derradeiro: roubou o martelo sueco novamente, desta vez fazendo dois pontos, e colocou a mão no troféu (5-4). Nos dois últimos ends, nenhuma surpresa. As duas seleções pontuaram duas vezes cada e o título foi confirmado para Suíça, que encerrou um longo jejum de 29 anos.
Ott teve a responsabilidade de lançar a última pedra do jogo e contou com a intensa torcida canadense, que comemorou bastante o título suíço sobre as suecas, algozes do Canadá nos últimos encontros no gelo.
Fonte: Esportes Terra
RESULT
Gold Medal Game: Switzerland 7, Sweden 6.
Final Standings
1. Switzerland 10-4 GOLD
2. Sweden 9-4 SILVER
3. Canada 9-5 BRONZE
4. Korea 9-5
5. USA 7-5
6. Scotland 6-5
7. Germany 5-6
8. Denmark 5-6
9. Russia 4-7
10. Italy 3-8
11. China 3-8
12. Czech Republic 2-9
The World Men’s Curling Championship 2012 begins on Saturday 31 March at the St Jakobshalle in Basel, Switzerland and runs until Sunday 8 March.  

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