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domingo, 8 de julho de 2012

Morre Ernest Borgnine (1917-2012)


Ernest Borgnine (1917-2012)

Borgnine em 1955
Ator de cinema que estrelou as séries A Marinha de McHale, Águia de Fogo e The Single GuyErnest Borgnine faleceu esta tarde, dia 8 de julho, aos 95 anos de idade, vítima de insuficiência renal, segundo informou Harry Flynn, um representante do ator, à Associated Press. Borgnine estava internado no Cedars-Sinai Medical Center.
Além das séries, o ator era conhecido por seus trabalhos nos filmes Marty, que lhe rendeu um Oscar, A Um Passo da Eternidade, Os Doze Condenados, Meu Ódio Será Sua HerançaO Destino do Poseidon,  Os Vikings, O Vôo da Fênix, O Imperador do Pólo Norte, Fuga de Nova IorqueGattaca, Estação Polar Zebra, Red – Aposentados e Perigosos, entre outros.
Ermes Efron Borgnino nasceu no dia 24 de janeiro de 1917, em Hamden, Connecticut. Filho de imigrantes italianos, Ernest passou parte de sua infância em Milão, onde sua mãe foi morar quando seus pais se separaram. Mais tarde, ela decidiu voltar a viver com o marido e retornou aos EUA com o filho.
Depois de servir na Marinha durante a 2ª Guerra Mundial, Ernest pensou em trabalhar com uma companhia que fabricava ar condicionado, mas sua mãe acabou convencendo o filho a se matricular na Randall School of Dramatic Arts de Hartford. Após quatro meses, ele largou os estudos e foi tentar a sorte como ator. Estreou no teatro comunitário antes de chegar na TV no início de década de 1950. Fazendo participações em programas infantis, como Capitão Video, e teleteatros.
Recebendo o Oscar da Academia de Cinema de Hollywood
Em paralelo à TV, ele também atuou em filmes para o cinema, entre eles A Um Passo da Eternidade, Johnny Guitar, Demetrius, o Gladiador e A Conspiração do Silêncio.
Mas foi com Marty, produção de 1955, que Ernest conquistou a fama. Escrito por Paddy Chayefsky, o filme é uma adaptação de seu próprio texto originalmente apresentado no teleteatro The Philco-Goodyear Television Playhouse, exibido pela rede NBC em 1953.
A versão original foi estrelada por Rod Steiger, mas quando a Hecht-Lancaster Productions, produtora de Burt Lancaster, decidiu produzir o filme, escolheu Borgnine, então com 34 anos, como protagonista. O ator ganhou um Oscar por seu trabalho, bem como prêmios do Cannes Film Festival, New York Critics e National Board of Review.
Com o reconhecimento da Academia, Borgnine conseguiu se estabelecer na carreira, mas a fama não o afastou completamente da televisão, onde foi visto em participações especiais em diversas séries de TV ao longo dos anos.
'A Marinha de McHale'
Entre elas, Make Room For Daddy, Laramie, A Caravana, Alma de Aço, Agente 86, O Barco do Amor, Magnum, Caixa Alta, Missão Secreta/Masquerade, O Homem que Veio do Céu, Gente Pra Frente/Home Improvement, O Comissário, JAG – Ases Invencíveis, Edição de Amanhã, Walker – Texas Ranger, O Toque de um Ajo, Sétimo Céu, Family Law, The District ePlantão Médico/ER. O ator também esteve em Os Pioneiros, no episódio mais lembrado pelos fãs da série: O Senhor é Meu Pastor. Além das séries, Borgnine também esteve no elenco das minisséries Jesus de Nazaré e Os Últimos Dias de Pompéia.
Em 1962, ele estrelou o teleteatro Seven Against the Sea, exibido pelo Alcoa Premiere, apresentado por Fred Astaire. Na história, ele interpreta o Tenente Comandante Quinton McHale, membro da tripulação de um navio da Marinha durante a 2ª Guerra Mundial, o qual está estacionado próximo a uma ilha do Pacífico. Quando o navio é atacado por japoneses, os sobreviventes se refugiam na ilha onde, com o tempo, acabam adotando os hábitos dos nativos. A boa receptividade de público levou a ABC a encomendar a produção de uma série. No entanto, ao contrário de Seven Against the Sea, que era um drama, a série foi produzida como sitcom.
Com Melissa Gilbert em participação na série 'Os Pioneiros', na década de 1970
Inicialmente em preto e branco, a série apresentava McHale e seus homens tentando sobreviver à austeridade e burocracia imposta pela Marinha, enquanto idealizam diversos planos para tirar proveito das situações em que se envolvem, entre elas, ganhar dinheiro fácil, se safar das responsabilidades ou conquistar uma garota.
A série foi produzida pela Universal até 1966, quando a audiência começou a cair, levando A Marinha de McHalea ser cancelada. Ao longo de sua produção, a série ganhou duas versões cinematográficas. A primeira em 1964 com A Marinha de McHale/McHale Navy, e a segunda em 1965 com McHale’s Navy Joins Air Force. Borgnine apareceu apenas no primeiro filme.
Segundo divulgado na época, quando o segundo foi produzido, ele estava envolvido com outro trabalho, também para o cinema. Mas, anos mais tarde, em entrevista, o ator revelou que sua ausência no segundo filme ocorreu porque os produtores desejavam baratear o custo de produção.
Após o cancelamento da série, Borgnine voltou a se dedicar à sua carreira no cinema. Ele tentaria estrelar uma nova série em 1976, com Future Cop, na qual interpretou um policial veterano que tem como parceiro um andróide. A série foi cancelada com apenas seis episódios produzidos.
Elenco de 'Águia de Fogo', década de 1980
O ator voltaria a estrelar uma série de sucesso na década de 1980, com Águia de Fogo, produção de Don Bellisario, na qual Borgnine interpretou Dominic Santini, um piloto de helicóptero que tem como sócio, amigo e pupilo Stringfellow Hawke (Jan-Michael Vincent), um jovem que recebe uma missão do governo: ir até a Líbia e resgatar o águia de fogo, um super-helicóptero.
Depois que realiza sua missão, Hawke decide manter o helicóptero até que o governo descubra o paradeiro de seu irmão, desaparecido durante a guerra do Vietnã. Enquanto isso, Hawke e Santini se comprometem a realizar missões para o governo, nas quais eles utilizam o helicóptero.
A série foi cancelada em 1986 em função dos diversos problemas que a produção teve com o ator Jan-Michael Vincent. Em 1987, o canal a cabo USA resgatou Águia de Fogo, produzindo mais 24 episódios, mas substituindo Vincent por Barry Van Dyke, que interpretou o irmão de Hawke, localizado no Vietnã.
Elenco de 'The Single Guy', década de 1990
Borgnine decidiu não retornar e também foi substituído, por Michelle Scarabeli, que interpretou a sobrinha de Dominic, jovem que herda seus bens quando tio morre. No total, a série teve 79 episódios produzidos.
A última série na qual Borgnine integrou o elenco foi a sitcom The Single Guy, produzida entre 1995 e 1997, na qual interpretou Manny, o porteiro do prédio onde o escritor Jonathan Eliot (Jonathan Silverman) vivia. Nos últimos anos, o ator dublou o personagem Mermaidman, da série animada Bob Esponja.
Borgnine foi casado cinco vezes. A primeira esposa foi Rhoda Kenins, entre 1949 e 1958. Os dois se conheceram quando Rhoda trabalhava como assistente de farmacêutico na Marinha. O casal teve uma filha, Nancee (1952). Segundo o ator, o casamento terminou quando  ele começou a fazer sucesso com o filme Marty.
Em 1959, ele se casou com a atriz mexicana Katy Jurado, de quem se divorciou em 1964. Em 1963, ele iniciou um relacionamento com a atriz e cantora Ethel Merman, com quem se casou em 1964. Mas a relação terminou em divórcio um mês depois. Segundo o ator, Ethel teria ficado furiosa com o fato de que, durante a lua de mel no exterior, ele foi reconhecido pelo público estrangeiro e ela não. Quando seu divórcio com Ethel foi finalizado em maio de 1965, Borgnine se casou com a atriz Donna Rancourt, com quem teve três filhos, Sharon (1965), Christopher (1969) e Diana (1970). Borgnine se divorciou de Donna em 1972.
Desde 1973 o ator estava casado com Tova Traesnaes, empresária norueguesa, proprietária da Beauty By Tova, empresa de cosméticos.
Ernest Borgnine em 2012
Em 2008, o ator lançou sua autobiografia, que recebeu o título de Ernie, na qual relembra vários momentos de sua carreira em Hollywood. Até os 88 anos, Borgnine tinha o hábito dirigir um ônibus em suas viagens pelo interior dos EUA, onde costumava parar de cidade em cidade para conversar com as pessoas que encontrava pelo caminho.
O ator se manteve ativo até o fim da vida, embora os trabalhos tivessem começado a ficar escassos, em função de sua idade avançada. Seu último trabalho é o filme The Man Who Shook the Hand of Vicente Fernandez, na qual interpreta um velho que lamenta nunca ter se tornado famoso ou feito algo de valor em sua vida. Quando sofre um derrame, ele é internado em um hospital onde a maioria dos funcionários é latina. Inicialmente maltratado por eles, o velho se torna um ídolo local quando descobrem que ele um dia apertou a mão de Vicente Fernandez, um cantor, produtor e ator mexicano idolatrado pelos funcionários. O filme ainda não foi lançado.
No vídeo abaixo, montagem da carreira de Ernest quando o ator foi homenageado pelo SAG com o prêmio Lifetime Achievement em 2011.


Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/temporadas/falecimentos/ernest-borgnine-1915-2012/

Calçada da memória: o rosto da decência (Gregory Peck)


Na primavera de 1939, Gregory Peck (1916-2003) cabulou a cerimônia de formatura em Inglês, em Berkeley, e foi de trem para Nova York com 160 dólares e uma carta de apresentação para tentar a carreira de ator. Teve êxito mais cedo do que esperava. Estreou na Broadway em 1942, na peçaThe Morning Star, e no ano seguinte em Hollywood, em Quando a Neve Tornar a Cair, de Jacques Tourneur.
Gregory Peck, o homem correto para quem era mais desafiador tornar um bom sujeito interessante nas telas do que um vilão
O papel de um padre em seu segundo filme, As Chaves do Reino (John M. Stahl, 1944), rendeu-lhe a primeira de suas cinco indicações ao Oscar, que acabaria vindo em 1962, por O Sol É para Todos, de Robert Mulligan.
De figura imponente (1,91 m) e austera, com uma voz grave que quase nunca subia de tom, Peck encarnou em geral o homem reto, de bons princípios, defensor da justiça e da verdade. Mas seu estilo econômico de atuação lhe permitiu representar também homens atormentados pela luxúria (Duelo ao Sol, de King Vidor), pela culpa (Quando Fala o Coração, de Hitchcock) ou pela obsessão (Moby Dick, de John Huston). Encarnou até o monstro nazista Josef Mengele, em Meninos do Brasil, de Franklin Schaffner.
Por conta de sua imagem séria, fez poucas comédias. Uma exceção notável foi A Princesa e o Plebeu(William Wyler, 1953), a deliciosa estreia de Audrey Hepburn.
Católico e progressista, Peck participou de passeatas contra a guerra e pelos direitos civis, e achava que a Igreja devia se abrir em questões como o aborto e a contracepção.
“Dizem que encarnar vilões é mais interessante, mas representar os bons sujeitos é desafiador justamente porque é mais difícil torná-los interessantes”, costumava dizer.
DVDs
Quando Fala o Coração (1945)
O novo diretor de uma clínica para doentes mentais (Peck) começa a ter um comportamento estranho, aos olhos de uma psiquiatra (Ingrid Bergman). Ele pode ser impostor,  assassino ou vítima de amnésia. Curiosa incursão de Hitchcock pela psicanálise, com sequência de sonhos desenhada por Salvador Dalí.

Círculo do Medo (1962)
Depois de passar oito anos na cadeia, Max Cady (Robert Mitchum) passa a atormentar a família do advogado Sam Bowden (Peck), que testemunhou contra ele no tribunal. O clima de crescente terror do filme de J. Lee Thompson é exacerbado no remake de Scorsese (Cabo do Medo, 1991), em que Peck vive o advogado de Cady.

O Sol É para Todos (1962)
Na época da Depressão, no Sul dos EUA, o advogado Atticus Finch (Peck) defende um negro acusado injustamente de estupro. Célebre libelo contra o racismo. Em eleição realizada pelo American Film Institute, Atticus foi escolhido “o maior herói do cinema em todos os tempos”, deixando para trás Indiana Jones e James Bond.

Fonte: www.cartacapital.com.br/cultura/0-rosto-da-decencia

sábado, 7 de julho de 2012

Conheça Scott Cleland, o inimigo nº 1 do Google


O Google está em todo lugar e sabe o que você está fazendo agora. Conheça o homem que já escreveu um livro e depôs no Senado americano contra uma das empresas mais admiradas no mundo

por João Mello
Editora Globo
Depois não vai falar que o Scott não te avisou... //Crédito: Reprodução
Imagine a internet como um planeta. Imagine que esse planeta está sob domínio de um ditador malévolo, um facínora completamente louco por poder e onipresente. Medonho, não? E se esse tirano soubesse tudo – absolutamente tudo – sobre você? Não haveria escapatória. Esse cenário apocalíptico não é uma previsão aterradora do futuro, mas uma constatação empírica sobre o que estamos vivendo nesse exato segundo. Ao menos na visão de Scott Cleland.
O economista norte-americano dedica sua vida a mostrar que o Google não é a empresa boazinha que o senso comum costuma crer. Ele diz que nenhuma empresa em toda a História foi tão poderosa e ao mesmo tempo tão repleta de interesse de conflitos. Pra ficar com um exemplo: eles acham o que você procura, mas, sempre que possível, os primeiros resultados serão de produtos do próprio Google. E isso quase sempre é possível: “Eles já criaram, literalmente, 500 produtos em quase todas as áreas que você pode imaginar. E acham que ninguém pode fazer melhor que eles ”ele diz. A arrogância com que trata os concorrentes, a própria ausência de concorrentes – “95% dos brasileiros fazem buscas pelo Google!” – e a falta de transparência em relação ao que, afinal, eles vão fazer com informações pessoais de bilhões de pessoas, são os principais alvos de Scott.
Ele mesmo não consegue fugir da gigante da internet em seu dia a dia. “O Google é brilhante e muito inovador. Não digo para as pessoas não utilizarem. Só digo para não confiarem”, ele diz com bastante frequência. Agora em julho chegou ao Brasil o livro de Scott: “Busque e Destrua”. A obra é uma compilação, item por item, de notícias, estatísticas, processos jurídicos e curiosidades que mostram o lado escuro da empresa. Se a opinião de Scott às vezes resvala na típica paranóia ianque, é porque o tamanho do poder do Google dá margem pra isso. Muita margem.
Confira abaixo como foi nossa conversa com Scott: 

Antes de começar a entrevista, você comentou que o Google acha que todos nós somos idiotas. Por que você diz isso?

Scott Cleland: O Google acredita que sabe tudo. Eles são brilhantes, muito inovadores, fazem coisas maravilhosas. O problema é que eles são muito arrogantes e acreditam que sabem o que é melhor para todo mundo. Você vê o Google criando produtos em quase todas as direções: eles acham que tudo que os outros já fizeram, eles podem fazer melhor. E, de fato, eles fizeram algumas inovações espetaculares...
Quais seriam essas coisas maravilhosas, que você admira o Google por ter feito?
Scott Cleland: Bem, eles já criaram, literalmente, 500 produtos em diversas áreas: e-mail, livros, vídeos, viagens. Agora, até um carro que se auto- dirige eles querem fazer! Sequenciamento de DNA, impressão digital, reconhecimento facial...quase tudo que você conseguir pensar, o Google estará trabalhando naquilo. E, normalmente, eles acham que ninguém faz essas coisas melhor que eles.
E isso não é verdade?
Scott Cleland: Não. Essa arrogância é que cria muitos problemas. Tem uma palavra em inglês, hubris (confiança excessiva), que eu chamo de goobris. Eles são a empresa mais ambiciosa e prepotente que nós já vimos.
Imagino que você ouça essa pergunta o tempo todo, mas eu não posso deixar passar a oportunidade. Quando você precisa procurar por algo na internet, a que site você recorre?
Scott Cleland: Normalmente eu uso Bing. Se mesmo assim eu não achar, posso dar um Google. Eu não digo que o Google é de todo o ruim, o ponto é que eles só contam o lado bom. E tem um lado ruim, tem muitas coisas erradas. E o meu livro é o primeiro a contar o outro lado da coisa. Não estou dizendo que as pessoas nunca devem usar o Google: elas não podem é confiar no Google.
E se você está na frente de um computador e bate aquela vontade de ver um vídeo, ouvir uma música. Como você foge do Youtube?
Scott Cleland: Se só está no Youtube e eu não me importo que o Google saiba, eu assisto lá mesmo. Acontece que as pessoas precisam saber que o Google grava tudo. A internet é uma imensa máquina de copiar e tudo que fazemos na internet o Google pode rastrear, de um jeito ou de outro. O problema é que eles foram os primeiros a perceber que a internet pode copiar tudo. E daí, a missão deles é organizar toda a informação do mundo. Isso inclui sua informação privada, sua propriedade privada. E eles não pedem sua permissão pra isso.
Você pode explicar qual o critério usado pelo Google para mostrar os resultados de busca?
Scott Cleland: Eles sabem o que você procurou antes, quais sites entrou, o que você leu, quais notícias você deu uma olhada. Eles sabem tudo sobre você: o que você quer, o que você pensa, o que você assiste, o que você quer fazer, aonde você quer ir. Eles sabem tudo isso, então os seus resultados não serão iguais aos meus. Isso pode ser bom, mas pode ser ruim. Há quem não ligue para a privacidade, mas os que se importam não têm a opção de tê-la.  
Editora Globo
Quando você cria uma conta no Gmail, em nenhum momento aparece um pedido de autorização para isso tudo?
Scott Cleland: Bem, originalmente, o Google tinha uma configuração de privacidade para cada produto seu. Em janeiro, eles unificaram tudo. A razão pela qual a União Europeia e alguns estados dos EUA estão reclamando é que não foi oferecida ao usuário a opção de recusar isso. Eles dizem “agora vou combinar todas as informações que tenho a seu respeito” e não te deixam dizer não. Eles deveriam deixar.
Se eu deletar minha conta no Gmail, aquela informação toda será, de fato, apagada?
Scott Cleland: Nós não sabemos. Quando Google coleta a informação do mundo todo, eles fazem três cópias. Então, não sabemos se eles apagam todos esses dados.
E como o Google usa minhas informações para lucrar?
Scott Cleland: Eles estão no ramo da propaganda. Eles gostam de dizer que trabalham para os usuários, mas usuários não pagam nada pra ele. Não há nada errado com o ramo da publicidade. Mas eles dizem “Nós somos éticos, somos confiáveis, nosso slogan é: Dont´Be Evil (Não seja mau)”. Porém, eles têm um histórico de fazer muitas, muitas coisas erradas. Eles dizem que não tem um conflito de interesses, mas nenhuma empresa, em toda a História, teve mais conflitos de interesse do que eles.
Então eles pegam o mercado de propagandas, juntam com todas as informações do mundo e criam um negócio novo?
Scott Cleland: Exato. E o problema é que eles são um monopólio global: 95% dos brasileiros fazem busca pelo Google. Ou seja: o mercado de buscas é totalmente controlado por eles. O Google está sendo investigado por autoridades antitruste nos EUA, Europa, Índia, Coreia do Sul, Argentina e também há algumas reclamações aqui no Brasil. Os produtos do Google são os primeiros a aparecer na lista de resultados. Por que isso é importante? Os dois primeiros resultados pegam 50% do mercado. O mundo inteiro fica com o resto. O povo brasileiro deve se perguntar: nós queremos que nossa cultura seja filtrada e organizada pelo Google?
Você consegue nos dar uma noção da quantidade de informação coletada pelo Google?
Scott Cleland: É difícil até de imaginar, mas deixe eu colocar dessa maneira: toda a informação que já foi criada no mundo, do início dos tempos até o ano 2000, tinha 5 petabytes de tamanho. O Google copia 5 PB de informação a cada dois dias. As pessoas não têm ideia de como essa informação é poderosa.
Qual o próximo grande passo do Google?
Scott Cleland: O próximo grande lance é bem perturbador: o nome é Google Now. Agora que eles têm informações de todo mundo, eles acham que pode ser útil dizer o que você deve fazer. Isso pode ser uma boa ideia para várias situações. Você está aqui e quer uma pizza: onde está a pizzaria mais próxima? Isso poderia ser algo simples e prestativo, mas eles também podem te dizer que emprego você deveria ter, o que você deveria fazer hoje. Isso pode ser muito perturbador quando eles sabem tudo sobre você. Eles podem sugerir :“Sabe, aquele amigo seu está logo ali do lado. Você não quer encontrá-lo?”. O CEO da Google disse que a política deles é chegar em cima da linha do perturbador e não ultrapassá-la. Bem, eles cruzam essa linha – e muito! E se eles resolverem decidir em quem você deveria votar? Ou como você deveria usar o dinheiro da sua aposentadoria? Eles podem dizer para você investir em uma empresa...que tal o Google?
O quão perturbador o Google Now pode ser?
Scott Cleland: Ninguém se dá conta de quanta informação eles têm. O que você faz, quais suas amizades, o que você assiste, o que você lê, onde você estava, para onde você pretende ir. É o tipo de informação que a União Soviética sonhava em ter: quais suas visões políticas, seus amigos. Eles têm mais informações sobre eleitores do que qualquer outro órgão. Se eles quiserem, eles podem vender essas informações e manipular uma eleição. Eles podem não fazer isso, mas têm o poder de fazer: e o poder é algo muito tentador de se usar quando você está sendo investigado pelas autoridades. Faz sentido, não faz?
Fonte: revistagalileu.globo.com

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